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Onda de calor ameaça saúde neurológica e mental, alertam especialistas

Foto/ Imagem: Diego Radames/Agência Anadolu via Getty Images O calor extremo não perdoa — e, segundo especialistas, já está deixando sua mar...

Foto/ Imagem: Diego Radames/Agência Anadolu via Getty Images

O calor extremo não perdoa — e, segundo especialistas, já está deixando sua marca em nossos cérebros. O caso de Jake, diagnosticado com Síndrome de Dravet aos 18 meses, ilustra bem o perigo: suas convulsões, antes raras, tornaram-se frequentes nos dias abafados e úmidos de verão. A hipertermia desencadeava crises tônico-clônicas, e a família travava uma batalha diária para manter o filho minimamente confortável.

O neurologista Sanjay Sisodiya, da University College London, alerta que a condição de Jake não é isolada. Doenças como epilepsia, AVC, esclerose múltipla, demência e enxaqueca têm se agravado durante ondas de calor, e já se observam internações e mortes neurológicas relacionadas ao aumento das temperaturas.

De modo semelhante, em ambientes escolares, o cérebro opera em modo de sobrevivência: prioriza o alívio do desconforto térmico em vez do raciocínio e da atenção. A neurocientista Lívia Ciacci explica que, em salas acima dos 38 °C, nossa energia é redirecionada para lidar com o calor, prejudicando o aprendizado — a perda pode chegar a até 50%.

Durante ondas de calor prolongadas, os riscos não se restringem à cognição. A saúde mental sofreria abalos consideráveis. Com cada grau adicional na temperatura, aumentam em 1,3% as urgências por pensamentos suicidas entre adolescentes. A mortalidade total cresce 2,2%, e a relacionada à saúde mental, 0,9%. As ondas de calor agravam o humor, reduzem o sono e estimulam episódios de violência intrafamiliar.

Já o neurologista Carlos Tejero, da Sociedade Espanhola de Neurologia, compara o impacto térmico sobre o cérebro a uma “fritura mental”. Segundo ele, quando o termômetro supera os 36–37 °C, o hipotálamo concentra-se em regular a temperatura corporal — e isso prejudica a fome, o sono, a atenção e o humor. O resultado é uma sensação de lentidão mental, sonolência excessiva e dificuldade de concentração.

Pesquisas conduzidas pelo projeto Deep Climate também vêm chamando atenção: voluntários que passaram 40 dias em desertos experimentaram uma queda na capacidade de socialização. O cérebro passa a priorizar funções essenciais como a termorregulação, prejudicando interações sociais.

A mudança climática, responsável por intensificar ondas de calor, vem sendo responsabilizada pela escalada dessa crise cerebral. As altas temperaturas levam à falha na comunicação entre células cerebrais, sobrecarga neurovascular e até a ruptura da barreira hematoencefálica — facilitando infecções e agravando respostas inflamatórias.

Enquanto a comunidade científica busca respostas e soluções, a urgência já é consenso: o aumento das temperaturas interfere na capacidade cognitiva, piora quadros neurológicos, eleva os riscos psicológicos e até mina as interações humanas básicas. Ações preventivas — como infraestrutura escolar climatizada, alertas médicos e políticas de proteção — tornam-se tão vitais quanto respirar.


Com informação da Assessoria


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